Panorama Histórico

A história do boxe é escrita desde que o primeiro homem na terra, fechou os punhos, e em um ato de defesa ou extrema raiva, acertou alguém. O boxe não tem uma origem específica. O que vamos deixar bem claro é que, o boxe como é praticado hoje em dia, é de origem ocidental. E o contrário do que muita gente, prega ou tem como verdade, o boxe não é uma arte marcial. O boxe é um esporte de combate.

A origem do termo artes marciais é ocidental e latina, uma referência às artes de guerra e luta. Sua origem é vinculada ao deus da guerra greco-romano Marte. Assim, as artes marciais segundo esta mitologia são as artes ensinadas pelo Deus Marte aos homens. As artes militares ou marciais são todas as práticas utilizadas pelos exercitos no desenvolvimento de treinamento e habilidades para o uso em guerras nao importando a origem ou povo que a criou.
Na história do boxe não há relatos de uso das técnicas com intuitos militares ou de guerra, o boxe foi desenvolvido para lutas de apostas "prize fights" e lutas competitivas entre homens, como nas olímpiadas antigas. E não para combate em guerras.
Não há vantagem nenhuma em classificar o boxe como arte marcial. O boxe é uma luta, é um esporte de combate. Arte marcial tem "mestres". Boxe tem treinadores. Arte marcial tem doutrina. No Boxe há o respeito.
Vincular o nome do boxe como arte desenvolvida para combates militares e de guerra, é depreciar o que há de mais valioso no ensino do boxe. O respeito ao próximo.
Boxe nao é guerra. O boxe é arte sim. O boxe é a "nobre arte" de utilizar os punhos.
É a arte de luta mais valorizada no mundo todo. Que outro lutador fez U$ 300 milhoes só em bolsas de apostas como Mike Tyson?
Comparar o boxe com outras artes, e colocar ele junto com outras tantas é simplesmente menosprezar a sua grandeza, e toda sua história e desenvolvimento até o presente momento.

Olimpiadas Antigas: Luta, pugilato e pancrácio

A luta nasceu no Próximo Oriente, tendo sido adaptada pelos Gregos talvez na época micénica. Tinha como Deus padroeiro Hermes.

Na luta grega eram necessário provocar por três vezes a queda do adversário para se consagrar vencedor. Considerava-se que tinha ocorrido uma queda quando as costas, ombros ou peito do adversário tinham tocado o chão. Antes de iniciarem a luta os concorrentes untavam o corpo com azeite e deitavam um pouco de terra para evitar que a pele se tornasse escorregadia. A prova não possuía um tempo limite. Era permitido partir os dedos do adversário, mas não era permitido realizar ataques na região genital ou recorrer a mordeduras. Eram provas reservadas aos homens adultos e aos rapazes.

A prática do pugilato na Grécia Antiga remonta ao século VIII a.C.. Apenas se poderia atacar com os punhos e os concorrentes envolviam os dedos com tiras de couro. Não existiam assaltos nem categorias baseadas no peso dos atletas. O jogo terminava quando um dos atletas ficava inconsciente ou colocava um dedo no ar em sinal de desistência.

O pancrácio era uma combinação da luta e do pugilato, sendo o seu resultado uma prova extremamente violenta, cujos concorrentes poderiam mesmo vir a morrer. Tudo era permitido, com excepção de enfiar dedos nos olhos, atacar a região genital ou morder. A vitória ocorria quando um dos atletas já não conseguia continuar a lutar, levantando um dedo para que o juíz se apercebesse.

Para cada um destes desportos, todas as provas existentes eram reservadas aos homens adultos e aos rapazes.

Boxe Inglês: Regras de Broughton

As primeiras regras organizadas surgiram em 1743, na academia de Jack Broughton, que, quatro anos mais tarde, criaria as primeiras luvas. As London Prize Ring Rules (Regras do Ringue do Prêmio de Londres), assinadas em 16 de agosto de 1743, compunham-se de sete artigos. Segundo elas, uma área quadrada seria pintada no palco, servindo de ringue. O tempo que o pugilista poderia ficar deitado seria de trinta segundos, sendo que só se consideraria derrotado o lutador que não conseguisse voltar para o seu canto, mesmo com a ajuda de um auxiliar. Nesse meio minuto, ninguém poderia bater num adversário caído, nem puxá-lo pelas pernas e calças, ou atacá-lo em qualquer parte abaixo do cinto. Um homem ajoelhado seria considerado como no chão, e em cada luta importante, os lutadores escolheriam, entre os presentes, dois árbitros. Mais especificamente as regras de Broughton consistia nos artigos abaixo:

• Golpes:
  
  • - As lutas eram realizadas sem luvas.
  • - Não se podia bater no adversário caído.
  • - Não se podia bater abaixo da cintura e nem segurar o adversário pelas roupas, cinto ou qualquer parte abaixo da cintura.
• O ringue das lutas
  
  • - Espaço retangular ou circular envolvido por uma pequena cerca de madeira.
  • - No centro do ringue, era riscado um quadrado de cerca de um metro de lado, chamado de scratch (risco). Confira na figura acima.
• Rounds
  
  • - Sem duração fixa.
  • - Terminavam quando, e só quando, um lutador ia ao chão ou saia do ringue.
  • - Iniciavam, obrigatoriamente, com os dois lutadores pisando no scratch.
• Critérios de terminação das lutas
  - Lutava-se um número indefinido de rounds, até se ter:
  • - Ou um vitorioso por desistência do adversário.
  • - Ou anulamento da luta por tumulto, intervensão da polícia, etc.
  • - Ou um vitorioso pelo fato de o adversário não ter conseguido voltar, sozinho ou mesmo ajudado por seus segundos, ao scratch após 30 segundos do término de um round.
• Pessoas dentro do ringue
  • - Os dois principais (os lutadores).
  • - Os dois respectivos segundos; esses sempre devendo estar atrás dos lutadores (confira na figura acima).
• Julgamento da luta
  • - Dois juízes, chamados umpires (pronuncia-se "ampairres"), escolhidos de comum acordo pelos lutadores.
  • - Um outro juíz, escolhido pelos dois primeiros e que tinha a função de desempatar as decisões desses.
  • - Cabia aos umpires marcar os trinta segundos, anunciar aos apostadores a ocorrência do primeiro sangramento e término da luta, cuidar da partilha da bolsa e dinheiro da bilheteria e da obediência das regras.

Boxe Inglês: Regras de Londres

As regras de Jack Broughton sofreram uma primeira modificação em 1839, quando o ringue ganhou a dimensão precisa de um quadrado de seis metros. A primeira luta sob as novas normas foi vencida por William Thompson, que derrotou o então campeão James Burke. As mudanças, contudo, devem fundamentalmente a Daniel Mendoza, introdutor do jogo de pernas e do pugilismo científico, e a John 'Gentleman' Johnson. Com ele, o boxe passou a ser reconhecido como uma modalidade esportiva, atraindo nobres e parlamentares para as lutas com punhos.

No início do século XX, o National Boxing Club (Clube Nacional de Boxe), do Reino Unido, estabeleceu a diferenciação de peso entre os pugilistas. O objetivo da novidade era o de humanizar o esporte, dando-lhe também um caráter mais técnico e equilibrado. Em 1909, no campeonato de desafiantes da Inglaterra, promovido por Lord Lonsdale, foi fixado o peso de cada categoria. A medida utilizada para a divisão em categorias foi baseado no peso pedra (6,035kg). Se constituiu da seguinte maneira: peso-pesado - qualquer peso (categoria aberta a quem desejasse tomar parte no torneio e optasse por ela); peso-médio - até II pedras e 6 gramas; meio médio (welter) - até 10 pedras e 7 gramas; leve - até 9 pedras e 9 gramas; pena - até 9 pedras; galo - até 8 pedras e 6 gramas; e mosca - até 8 pedras e abaixo desse peso.

Evolução

A partir de 1892, as mudanças de estilo foram muitas e essencialmente individuais. A tática popular, no final do século, era a de firmar os pés no tablado, atacando e defendendo com um direto de esquerda o mais potente possível. James Jim Corbett, entretanto, inicia uma nova etapa. Ele, que não era um pugilista de soco forte, venceu muitas lutas bloqueando os golpes dos adversários com uma guarda mais cuidada, com esquivas de corpo e jogo de pernas. Corbett lançou o estilo defensivo que teria uma contrapartida na maneira inteiramente ofensiva que Jack Dempsey trouxe para o esporte. O estilo Dempsey - ataque contínuo, movimentos constantes, sucessão rápida e violenta de golpes, nocaute em poucos assaltos - foi uma imposição da crescente popularidade do pugilismo.

Com a Primeira Guerra Mundial, os soldados ingleses e norte-americanos divulgaram-no pelo mundo. Até mesmo na Ásia o esporte se desenvolvia, se bem que de maneira mais lenta. Na Tailândia já existia uma luta nativa tradicional, parecida com a velha savate francesa, na qual os golpes são desferidos tanto com as mãos (guarnecidas com luvas) como com os pés.

Na primeira metade do século XX, o boxe já possuía campeões de vinte países (Austrália, Canadá, Alemanha, Itália, França, Islândia, Grécia, Filipinas, Cuba, México, Panamá, Espanha, Porto Rico, África do Sul, Havaí, Argélia, País de Gales, Tunísia, Escócia, Japão e Argentina), além dos EUA e Inglaterra.

Boxe Inglês: Regras de Quensberry

As regras atuais são, em síntese, um detalhamento das que foram assinadas pelo marquês de Queensberry. O ringue é um quadrilátero de 4,90m de lado, no mínimo, e 6,10m, no máximo. Deve estar cercado por três fileiras de cordas de três centímetros de diâmetro, enroladas em pano. As luvas pesam 228g, para os amadores de todas as categorias; 114g, para os profissionais de peso-mosca até leve; e 171g ou 228g, para os demais profissionais. Facultativamente, os lutadores poderão usar ataduras (bandagens) envolvendo as mãos, que terão no máximo três metros de comprimento por quatro centímetros de largura.

As divisões por categorias foram oficializadas em 1904, durante os jogos olímpicos de Saint Louis. Em 1920, surgiu a categoria meio-médio-ligeiro e em 1952 foi feita a limitação que persistia até pouco tempo atrás: amadores - mosca (até 51kg), galo (até 54), pena (até 57), leve (até 60), meio-média-ligeiro (até 63,5), meio-médio (até 67), médio-ligeiro (até 70, médio (até 75), meio-pesado até 80 e pesado acima de 80; profissionais - mosca (50, 152 kg), galo (53,524), pena (57,152), leve (61,237), meio-média-ligeiro (63,500), meio-médio (66,678), médio-ligeiro (69,853), médio (72,574), meio-pesado (79,378) e pesado (acima de 79,378kg).

Os amadores podem ser estreantes (os que combatem pela primeira vez), novos (que não tenham realizado mais de dez lutas) e veteranos (mais de dez lutas, possuidores de licenças com mais de dois anos ou campeões de novos). Os profissionais se dividem em preliminaristas (estreantes, não podendo participar de luta com mais de seis assaltos), semifundistas (devem ter pelo menos três lutas de seis rounds) e fundistas (devem ter feito pelo menos três lutas de oito rounds como semifundistas). Os combates entre amadores poderão durar seis rounds de dois minutos ou quatro de três minutos por um de descanso. Os profissionais combaterão de 4 a 15 rounds de três minutos por um de descanso. As lutas de 12 a 15 rounds serão reservadas para os combates onde títulos internacionais estiverem em jogo.

Os lutadores podem ter uma das seguintes decisões: vitória por nocaute (o árbitro contará dez segundos a partir do momento em que constatar que um lutador está caído no chão por força de golpe bem executado); vitória por pontos; empate; vitória por nocaute técnico (o segundo principal jogará a toalha ou a esponja no ringue ou o árbitro constatará uma lesão que impeça o lutador de prosseguir); vitória por desclassificação (três faltas, aplicação de golpe proibido, simulação de recebimento de golpe, falta de combatividade, ou falta grave dos segundos); vitória por abandono. A luta sem decisão - no contest - acontecerá quando o árbitro a suspender por falta de combatividade dos dois pugilistas, estado precário do tablado ou alguma intervenção externa e irregular, como uma reação incontrolável do público.

Juízes

As decisões serão tomadas por um árbitro e dois jurados (no Brasil são três jurados porque o árbitro não vota). A decisão por um árbitro apenas é uma exceção e só é adotada com autorização prévia. Além dos jurados e do árbitro, atuam numa luta um diretor de espetáculos, um fiscal de combate, um cronometrista, um anunciador e um médico de plantão. A marcação dos pontos pelos jurados obedece às regras: cinco pontos em cada round para o melhor ataque (iniciativa conduzida com eficiência, com golpes legais); cinco para o superior em defesa (bloqueios, esquivas e deslocações do corpo para evitar golpes); cinco para o melhor em ciência (estilo empregado na aplicação dos golpes, na limpeza e técnica utilizadas, cuja defesa se torne harmônica com o ataque) e cinco para o que demonstre maior eficácia (colocação dos golpes que produzem efeitos para sua correta aplicação e poder).

Na América Latina, os jurados também computam pontos específicos para as quedas verificadas em cada round. Internacionalmente, contudo, as quedas fazem parte da eficácia. É costume marcar-se cinco pontos em ataque e cinco em eficácia ao lutador que tenha provocado uma queda de mais de cinco segundos. Caso a queda dure menos de cinco segundos, o pugilista que a aplicou ganhará apenas cinco pontos em eficácia.

Destaques

Podemos destacar grandes nomes do boxe como: Jack Dempsey (E.U.A, 1895).campeão em 1919 e só derrotado em 23 de setembro de 1926, por Gene Tunney (E.U.A., 1897), numa luta histórica com um público de 120 mil pessoas - até então imbatível; Tunney, retirou-se invicto, dois anos depois. Primo Carnera (Itália 1901-1967) o "gigante" que se transformou num dos mitos do boxe moderno, alçado à condição de campeão do mundo por empresários inescrupulosos que, sem o seu conhecimento, subornavam-lhe os adversários. É também personagem trágico: derrotado por Max Baer, em 1934, viria a acabar como participante de espetáculos combinados de luta livre. Joe Lóuis (E.U.A. 1914-1981), o que deteve por mais tempo o título, de 1937 a 1949, foi chamado de o "Demolidor de Detroit", por sua potente direita, que lhe valeu uma sucessão de vitórias por nocaute.

Dois nomes se destacam entre os sucessores de Joe Louis: Rocky Marciano (EUA. 1924-1969), que se retirou invicto em 1956, e Muhammad Ali. Surgiria ainda, Mike Tyson, praticamente imbatível, seja dentro ou fora do ringue.

Importante dizer que algumas das regras de Queensberry foram modificadas, nem todas essas estão em vigor, foram desenvolvidas atualmente para deixar o boxe mais dinâmico e atrativo ao público e a televisão. Em breve estaremos colocando no site as regras vigentes do boxe olímpico e profissional.

Era Moderna: Boxe Olímpico

A primeira entidade a controlar os campeonatos amadores internacionais foi a Federação Internacional de Boxe Amador (FIBA), fundada em 1920. Ela, em 1946, deu lugar à AIBA: Associação Internacional de Boxe Amador, a qual continua sendo o organismo máximo do boxe amador. Atualmente a AIBA está sediada em Berlin (Alemanha) e congrega quase duzentos países.

Ao longo desses anos, a AIBA tem introduzido várias medidas de proteção aos atletas, como a obrigação do uso de camiseta para esconder os pontos sensíveis do corpo (1980), o uso do protetor de boca (1982) e do protetor de cabeça ou "capacete", (em 1993), além de aperfeiçoar o julgamento das lutas através da introdução das luvas com cor branca na parte de impacto (1972) e o sistema computadorizado de marcação de pontos (1992 ).

Sob as regras, direção e orientação da AIBA são realizados os vários campeonatos e torneios internacionais: o Campeonato Mundial de Boxe e a parte de boxe das Olimpíadas, dos Jogos Mundiais Militares, dos Jogos da Amizade, dos Jogos Pan-americanos, dos Jogos Europeus, etc. A AIBA também designa os árbitros e examina os eventuais protestos e outras questões referentes aos julgamentos das lutas nas competições internacionais.

Nos campeonatos nacionais e regionais também se segue as regras e recomendações da AIBA. Eventualmente, as federações locais precisam compatibilizar as resoluções da AIBA com a legislação de seus países; um exemplo, aqui no Brasil, sendo a compatibilização das regras para competicao em boxe infantil com o Estatuto da Criança e do Adolescente; outro exemplo pode ser dado pelos USA que resolveram reforçar as normas de segurança dos seus boxeadores.